Muita gente que começa a trabalhar com dados segue por um caminho comum:
crir tabelas e mais tabelas. E, ao passar para os textos textos, citar números seguidos de números.
Mas esse não é o objetivo de trabalhar com dados.
É preciso contar histórias. Apresentar insights. Sem isso, uma tabela não passa de linhas e colunas, e um amontoado de números frios.
Sem isso, o texto jornalístico ganha uma cara de relatório. Monótono. Frio. Pouco interessante.
Então, como trabalhar melhor com dados? Bom, existem alguns caminhos.
Aqui vão algumas dicas:
- Comece fazendo perguntas para si mesmo
Por exemplo: O que eu quero comunicar com esses dados? Não se engane, os dados não são soberanos.
Com que história eu posso ilustrar esse dado? A história de uma pessoa que você entrevistou, dentro do assunto em análise.
- O caminho simples funciona
Muitas vezes, somos tentados a achar que um gráfico sofisticado vai ser o grande diferencial do nosso material. E é importante tentar sempre fazer o melhor possível. Mas não podemos desperdiçar o poder do simples.
E, novamente, não se engane. Ser simples não é ser simplório. Ser simples exige uma busca contínua.
- Foque no que importa
Seja objetivo, em primeiro lugar. Se for possível adicionar elementos extras, considere isso um ganho.
Vamos a um exemplo prático
Imagine que você está com uma matéria sobre balanço de uma agência de fomento. Eita, quase vem como um spoiler de algo maçante.
Um caminho comum, que muitos adotam, é trabalhar os comparativos ano a ano, a variação percentual mês a mês, ou quem sabe explorar as quantidades de pessoas que acionaram o crédito ao longo do ano.
Bem, certamente esta é uma fórmula fácil de seguir. Fácil de entregar. Mas com grande chance de pouca gente querer ler mais do que o primeiro parágrafo.
Por outro lado, se for possível entrevistar um empreendedor que tomou o dinheiro emprestado – a linha de financiamento – e investiu esse dinheiro, conseguimos trabalhar o dado de uma forma muito mais atrativa.
Vamos comparar:
O caminho comum:
A Agência de Fomento do Governo do Estado liberou R$ 20 milhões de crédito em 2024, de acordo com balanço divulgado pelo órgão. Ao todo, foram 500 operações no período, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior.
O caminho proposto:
Em menos de um ano, João José viu as venda de mingau ganharem novo patamar. Após tomar R$ 40 mil emprestado da Agência de Fomento, o empreendedor ampliou sua banca, no Centro da cidade, e abriu uma nova, na zona norte. A história dele é uma das centenas que recorreram ao crédito do Governo do Estado em 2024, com liberação de R$ 20 milhões em 500 operações no ano passado.
E aí, o que achou?