Startup usa aplicativo para reflorestamento e plantio com ribeirinhos

Tree Earth foi desenvolvido em Manaus a partir de um projeto de doutorado em Portugal

Uma startup na Amazônia está utilizando tecnologias de georreferenciamento e criptografia para plantar árvores em áreas degradadas com apoio de ribeirinhos, as pessoas que vivem próximas dos rios ou igarapés. Com o aplicativo Tree Earth em mãos, as famílias são um dos braços do trabalho que envolve empresas ou entidades dispostas a plantar, proprietários de terras e viveiros que fornecem as mudas durante quase todo o ano – todos remunerados por muda plantada.

Os números são interessantes, com ações realizadas em diferentes estados e biomas brasileiros.

Como funciona?

Os plantios são feitos sob demanda. As empresas que precisam certificar suas ações ambientais ou as pessoas que querem plantar na Amazônia, fazem a encomenda, que pode ser monitorada pelo aplicativo de celular.

As mudas são retiradas dos viveiros e levadas ao local do plantio, que pode ser em uma propriedade privada, como uma fazenda, ou em comunidades ribeirinhas. O transporte é feito, principalmente, a bordo do Barco Escola Tree Earth.

No local, as famílias cadastradas no app realizam o plantio e tiram uma foto das novas árvores – cada árvore é registrada individualmente. A imagem é fundamental para garantir o georreferenciamento, via GPS. Até agora, são 65 famílias já cadastradas na plataforma.

A partir daí, é possível pedir o certificado de plantio e acompanhar tudo pelo celular, inclusive a imagem de satélite da nova integrante do local. A remuneração do plantio é dividida entre os plantadores, viveiristas, donos da terra e o aplicativo, igualmente.

Para as empresas que encomendam os plantios, a plataforma Tree Analytics fornece métricas relevantes para as certificações ambientais.

Como o aplicativo está ajudando a Amazônia?

CEO da startup, Vicente Tino, explica que o aplicativo é utilizado em diferentes frentes de atuação:

  • Reflorestamento
  • Recuperação ambiental
  • Reabilitação de áreas degradadas

“Recuperação ambiental é quando existe a árvore, mas a área não foi totalmente destruída, mas falta biodiversidade. A gente planta outras mudas no meio daquela floresta. Já o reflorestamento é quando a vegetação original foi totalmente retirada ou destruída, como ocorre quando a floresta é desmatada. Neste caso, a gente planta do zero. A reabilitação tem o objetivo de tornar a terra saudável novamente, para ser usada de maneira sustentável”, explicou Tino.

Para garantir que as encomendas sejam supridas, a startup conta com viveiros florestais, seja próprio, seja de parceiro do projeto. Os viveiros são uma espécie de berçário para as mudas, que depois de ficarem fortes o suficiente, são usadas para restaurar florestas.

Projeto com braço na Europa

Fruto de um trabalho de doutorado de Vicente Tino em engenharia industrial e de sistemas na Universidade do Minho, em Portugal, a Tree Earth já tem atuação em três biomas brasileiros: Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, além da Europa.

Recentemente, o aplicativo foi scolhido por alunos de mestrado da UMinho, em Portugal para o projeto de reflorestamento do campus universitário de Azurém, sediado em Guimarães. A cidade portuguesa acabou de ser eleita a Capital Verde Europeia 2026.

Coordenado pelo professor doutor Rui Lima, o projeto está sendo executado por seis alunos do curso de Mestrado em Engenharia de Gestão de Operações (Mego). “O objetivo dos estudantes é catalogar as árvores existentes no campus e, posteriormente, desenvolver um plano de reflorestação”, explicou.

Focado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o trabalho tem uma abordagem que envolve professores, alunos e diversos parceiros, incluindo a startup amazonense Tree Earth, uma climatech especializada em ações de plantios para recuperar áreas degradadas na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Dos 17 ODS, a iniciativa portuguesa engloba os objetivos:

  • 7, de Energias Renováveis;
  • 9, de Inovação e Infraestruturas;
  • 11, de Cidades e Comunidades Sustentáveis);
  • 12, de Produção e Consumo Sustentáveis;
  • 13, de Combate às Alterações Climáticas; e
  • 15, de Ecossistemas terrestres e biodiversidade.

Em outro projeto da Europa, o Egalitarian, estudantes e professores de engenharia da Universidade de Aalborg, da Dinamarca, da Universidade do Minho, de Portugal, da Universidade Saxion, dos Países Baixos, e da Universidade de Brasília (UnB) compensaram a emissão de gás carbônico de viagens de avião, ao Brasil, realizando o plantio de árvores com a Tree Earth.

Startup Verde

A Tree Earth atua com empresas parceiras como Samsung, Caloi, Michelin, Atem, Fazenda Aruanã, entre outras. Com expedições educativas por meio do Barco Escola, a startup também já realizou plantios com o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Neste ano, a startup venceu o Prêmio Juízo Verde 2024, do CNJ, na modalidade Boas Práticas do Poder Judiciário.

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